sábado, 18 de setembro de 2010

E se a história for mentirosa ou por que estudar história

E se, de repente, descobríssemos que toda a história que conhecemos não é verdadeira? Tudo que sabemos sobre o passado foi invenção de homens que estavam sem o que fazer e resolveram inventar histórias contando-as como verdade? Os gregos com seus deuses, os jardins da Babilônia, a escrita dos sumérios, os imperadores romanos é tudo invenção. Roma nunca foi sede de um grande império, Atenas nunca conheceu a democracia e Constantinopla jamais foi um entreposto entre o Ocidente e o Oriente. Esses homens inventaram tudo e foram floreando suas histórias dando asas à imaginação.

Nenhuma pessoa digna de confiança entre os hebreus dá notícia de um homem considerado o Cristo, Muhamad é tão comum entre os árabes que nenhum poderia ser digno de destaque, pensar que alguém pode ser o Iluminado é estado mental parecido com o provocado pelas plantas alucinógenas. Nenhum homem andou pelas ágoras de Atenas filosofando entre jovens, aliás, não havia ágora em Atenas, nem mesmo Atenas; nenhum homem devasso converteu-se ao cristianismo e tornou-se um de seus principais pensadores, aliás, nunca houve cristianismo; nenhum homem desenvolveu a ciência entre os árabes quando os europeus ainda escarravam e cuspiam à mesa.

Nunca houve reis. Nenhum homem em momento algum teve poder sobre outro. Jamais um homem disse “o Estado sou eu”, mesmo porque o Estado só existe onde uma pessoa controla outra. Os homens nunca disputaram o poder, nem fizeram guerra, jamais mataram uns aos outros, nunca competiram de maneira desleal e não há quem prove que um sujeito tenha dito que “os fins justificam os meios”. O máximo que houve até hoje foram puxões de orelha mas, como se faz com as crianças com finalidade educativa, jamais por qualquer outro motivo.

As sociedades nunca foram machistas, homens e mulheres sempre viveram harmoniosamente, nunca houve paternalismo, as mulheres sempre puderam utilizar os mesmos espaços, sempre tiveram os mesmos direitos, o que já aconteceu foi uma ou outra rusga de casal mas logo passou e as coisas voltaram ao normal. Não há notícia confiável que mostre que já existiu racismo, a escravidão é uma das piores invenções desses homens. As pessoas sempre trabalharam mas em todas as sociedades todos tiveram os mesmos direitos e oportunidades. Nenhum homem navegou pelo mar numa caravela para depois de um bom tempo gritar “terra à vista”, nenhum índio foi encontrado nem dizimado, aliás, índio não existe. As pessoas sempre foram tolerantes, conviveram bem com as questões do sexo, os homossexuais nunca foram discriminados. Pelo exposto neste parágrafo fica evidenciado que mulheres, negros, índios e homossexuais nunca lutaram para conquistar seus direitos e espaços, sempre os tiveram respeitados.

Nunca houve explosão de bomba atômica, arquiduque austríaco algum morreu na Bósnia, o holocausto é uma farsa. As guerras do Vietnã e da Coréia nunca existiram, da mesma forma as de cavalaria e as religiosas. Pensar numa Guerra de Cem Anos é absurdo, as disputas do Peloponeso parecem mitologia. A colonização da África e a dizimação dos povos americanos são das invenções mais absurdas. Guerra é uma coisa que a humanidade não conhece, nem Fria, nem de qualquer outra temperatura.

E se descobríssemos que toda a história é mentira? Neste dia, descobriríamos que sorrimos e choramos à toa, que sofremos e nos alegramos, torcemos e ignoramos em vão, que odiamos, amamos, sentimos, lutamos para não ter nenhuma recompensa, enfim, que vivemos por nada. Neste dia começaríamos a reconstruir o mundo, buscaríamos outras bases, construiríamos outras estruturas para outras ordens sociais, culturais, políticas e econômicas, encontraríamos outros sentidos para a vida, teceríamos novos significados para as coisas, inventaríamos, enfim, outra história para a humanidade.

Anísio Filho, historiador - Agrovila 08 - Serra do Ramalho-BA

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